Deuses e Deusas


Principais Deuses e Deusas

Baal Hadad, o deus da Tempestade
Baal Hadad foi o deus mais adorado entre os fenícios-cananeus. É o deus das tempestades, da chuva, da névoa, do orvalho, é aquele que nutre as lavouras e traz a fertilidade para a terra.
Ele é considerado responsável pela fertilidade, particularmente da terra, do crescimento da vegetação, e da manutenção da vida. No entanto, ele não é um deus da vegetação.
Baal, também conhecido como Ba'lu Haddu, é um guerreiro que combate as forças caóticas do Mar (Yam) e da Morte (Mot, o deus do deserto). Ele é filho de Dagon, o deus dos grãos e da fertilidade. 
Baal, na verdade, é um título e significa Senhor, Dono ou Lorde e este título foi utilizado por outros deuses. É também conhecido pelos seus outros epítetos: Cavaleiro das Nuvens, Mestre da Terra, Príncipe, Re`ammin (Trovejante),  Aleyin (Mais Alto), mais poderoso, Supremo.  Tem morada sobre o Monte Tsaphon, onde construiu seu palácio com autorização de El.
Baal Hadad alcança uma posição subordinada apenas ao deus El entre os deuses.
No épico de Baal, texto da idade do bronze, encontrado em Ugarit, narra às façanhas de Baal Hadad, sua luta com o deus do mar e do caos Yam, a permissão de El para construir seu palácio sobre o monte Tsaphon, sua morte diante do deus da morte, do deserto e da esterilidade Mot e sua ressurreição com a ajuda da deusa do Sol Shapash.
Baal Hadad é o regente do mundo, substituto de El.



El, o pai dos deuses
El significa simplesmente “Deus”. Ele é chamado de o "Criador de todas as coisas criadas", bem como "Pai da Humanidade".  El é, portanto, o principal deus criador do panteão, embora ainda não foi descoberto uma história da criação canaanita. El também é o rei e chefe da assembléia divina, o conselho dos deuses, embora Ele não seja, necessariamente, o "pai" de todas as divindades.
Apesar de sua posição de criador, ele não é o regente do mundo. É descrito como velho, sempre sentado em seu trono sobre a montanha de onde nascem dois rios que alimentam os oceanos do mundo.
Ele é poderoso e sábio, nada acontece sem sua permissão. Ele é identificado com o touro, animal de força e resistência.
Só é possível obter favores de El através de deuses intercessores como Asherah, sua esposa.
Apesar de sua distancia diante da humanidade El é considerado um Deus Compassível e Misericordioso.


Asherah, a mãe dos deuses
Também conhecida como Athirat em ugarítico, Asherah é a mãe dos deuses, consorte de El, deusa do mar, deusa dos rebanhos e colheitas. Entre seus títulos destacam-se Elat, ou seja, a Deusa, Labi'atu, Senhora do Leão; Qodesh, Sagrada; Rabat 'Athirat Yam, Grande Senhora que anda sobre o mar e Qaniyatu ´ilhm, a criadora dos deuses (Elohim).
Asherah é a Árvore da Vida, uma deusa que dá vida e conforto. A palmeira é a árvore da vida no árido deserto do Oriente Médio.
Seu culto foi fortemente combatido nos textos bíblicos, uma vez que seus ídolos eram adorados ao lado do altar do Deus de Israel, disputando assim, o culto com o suposto deus único e ciumento adorado pelos israelitas.
No Egito, possivelmente, foi associada com Qetesh, deusa de origem semita, retratada sobre um leão, segurando flores em uma mão e serpentes em outra, seu nome significa Sagrada, um dos epítetos de Asherah.
Asherah é a benevolente mãe que intercede pelos seus filhos.



Ashtart, a Rainha dos céus
Ashtart ou Astarte em grego, foi a deusa mais cultuada entre os fenícios que espalharam seu culto pelo mediterrâneo.
Normalmente é retratada como a benevolente deusa da natureza, da fertilidade e da sexualidade. Seu nome aparece dez vezes no épico de Baal como Athtart e ocupa um papel secundário na trama do mito, sendo apresentada como uma conselheira de Baal, portanto, nos textos ugaríticos Athtart está ligada ao equilíbrio, moderação e paz, ao invés de sexualidade e fertilidade.
Seu nome está intimamente ligado ao da deusa mesopotâmica Ishtar/Inanna, conhecida como a Rainha dos céus, encarnação do planeta Vênus, deusa da guerra e do amor.
No Egito, Ashtart e Anat aparecem juntas como as filhas de Rá, o deus do Sol e esposas de Seth, deus identificado com Baal Hadad. Mais tarde alguns textos sugerem que Baal e Ashtart formavam um casal divino.
Ela era frequentemente invocada durante a prática mágica. Numerosas estatuetas de barro cozido encontradas em casas e templos atestam a sua grande popularidade, e muitos sacrifícios e orações foram oferecidas pedindo seu auxílio.
Seus epítetos incluem Athtartu do Campo e A Mais Forte.



Anat, a donzela guerreira
Anat é deusa virgem da guerra, da caça e da sexualidade. Seu epíteto em ugarítico é Baalat, ou seja, donzela, (a palavra virgem não tem nenhuma conotação sexual). Possivelmente Anat é irmã e consorte de Baal.
É uma deusa impulsiva, da paixão, da guerra, da proteção e da vitória.  Ela destrói todos os inimigos de seu amado Ba'lu Hadd, enfrenta e ameaça o grande deus El para conseguir a permissão da construção do palácio de Baal e é considerada uma fiel companheira de Baal.
Como seu companheiro Baal, Anat traz a fertilidade e o orvalho, um de seus epítetos é Az chayim Força da Vida.
Ela é descrita armada com lança e escudo. Ajuda Baal em sua batalha com Yahm e vinga-se de Mot, destruindo-o, pela morte de Baal. Também conhecida como Yabamat Li'imim, ou seja, Protetora de seu povo (o termo não é claro).
Na lenda de Aqhat, Anat deseja o maravilhoso arco feito pelo deus artesão Kothar-wa-Khasis, que foi dado de presente para Aqhat. Anat tentou comprar o arco, oferecendo até mesmo a imortalidade, mas Aqhat recusou todas as ofertas, chamando-a de mentirosa, porque a velhice e a morte são o destino de todos os homens.  Anat, com o consentimento de El, envia seu assistente, na forma de um falcão, para roubar o arco, no entanto o arco se quebrada e perde-se no mar e Aqhat morre.

Shapash, a deusa do Sol
Shapash é a deusa do Sol. Conhecida como a Luminária dos Deuses e a Tocha dos Deuses, mensageira de El.
Ela vê tudo que se passa sobre a terra e guarda o mundo dos mortos à noite. Ela é uma divindade da justiça, muitas vezes servindo como mediadora entre as divindades em disputa.
No Épico de Baal Shapash desempenha um papel importante na trama, interagindo com todos os principais deuses e no final ela é favorável à posição de Baal como rei. Ao entregar seu veredicto na luta final de Baal com Mot, ela revela seu papel como juíza entre os deuses, como salvadora da humanidade. Quando Baal é morto, ela ajuda Anat a enterrá-lo e pranteá-lo e em seguida deixa de brilhar. Após o sonho de El sobre a ressurreição de Baal ele pede para Anat persuadir Shapash a brilhar novamente, o que ela concorda, trazendo Baal do submundo ao mundo dos vivos. Na batalha entre Baal e Mot, ela ameaça Mot que El irá intervir em favor de Baal, uma ameaça que termina a batalha.
Ela conduz e ajuda os espíritos dos mortos quando viaja para o submundo a cada noite e retorna ao mundo dos vivos durante o dia. Ela tem a capacidade de cura ou purificação ao queimar a doença ou o veneno, assim como o sol queima o nevoeiro.
Shapash está ligada aos cavalos e aos carros. Seu culto incluía curvar-se ao Leste, onde o Sol nasce.



Dagon, o deus dos grãos
Dagon é o pai de Baal, deus dos grãos e da fertilidade. Está associado aos grãos, símbolo da fertilidade e aos peixes, símbolo da multiplicação.
Em ugarítico Dagnu significa grãos, um de seus epítetos é Bekalam, Senhor da terra. Sua consorte era conhecida apenas como Belatu, Senhora, ambos foram adorados em um grande complexo de templo chamado E-Mul, a Casa da Estrela. Em Ugarit por volta de 1300 a.C., Dagon teve um grande templo e foi listado como o terceiro deus mais cultuado do panteão cananeu, sendo os deuses El e Baal os mais cultuados.
Na Mesopotâmia, ele tem ligações com mortos e o julgamento dos mortos e às vezes é comparado com o deus mesopotâmico Enlil, na qualidade de protetor e guerreiro.

Kothar-wa-Khasis, o deus artesão
Deus artesão da magia, seu nome significa Hábil e Sábio.
Ele é o ferreiro, artesão, engenheiro, arquiteto e inventor. Ele também é vidente e mágico, o criador de palavras sagradas e mágicas. Ele ajudas Baal em suas batalhas, criando e nomeando magicamente as armas mágicas com que Baal derrota Yam. Kothar também cria belos móveis adornados com prata e ouro, como presentes para Athirat. E ele constrói o palácio de Baal com prata, ouro, lápis-lazúli, e cedro.
Tem morada em Menfis no Egito ou em Caftor (talvez Creta ou Chipre) e pode estar relacionado ao deus egípcio Ptah, o Artesão e ao deus Thoth, o deus da magia.

Yarikh, o deus da Lua
Yarikh é o deus da Lua, da noite, do sêmen e do orvalho. É conhecido como o Iluminador dos Céus, o Iluminador das miríades de estrelas e Senhor da Foice como a lua crescente.
Como deus da Lua ele também é o deus que mede o tempo. Ele é esposo de Nikkal, a deusa do pomar que é fertilizada pelo orvalho noturno de Yarikh.
Está associado aos cães e mostra seu chifre esquerdo quando a lua cresce e o chifre direito quando a lua diminui.

Nikkal-wa-Ib, a deusa do pomar
É a deusa do pomar, esposa de Yarikh, do qual recebe o seu orvalho (sêmen) fértil.  É filha de Khirkhib, o Rei do Verão.
O nome do Nikkal-wa-Ib significa Grande Senhora e Frutífera e deriva do semítico ocidental 'Ilat 'Inbi que significa Deusa da fruta. Ela pode ter sido homenageada no final do verão, quando os frutos foram finalmente colhidos.
Seu casamento é liricamente descrito no texto ugarítico "Nikkal e o Kathirat "
Uma das mais antigas canções escritas no mundo é uma ode a essa deusa.

Reshef, o Senhor da praga e da cura
Reshef é o deus das pragas, pestes, guerra e cura. Seu nome está ligado às palavras “queimar” e “praga”. Ele mata os seres humanos por meio da guerra e da peste, contudo ele também é um deus da fertilidade.
Resheph se tornou popular no Egito sob a XVIII dinastia, onde atuou como deus dos cavalos e carruagens. Em um período posterior, Resheph é frequentemente acompanhado por Qetesh e Min .
Ele também é invocado para acabar com a crise. Em inscrições fenícias Ele é chamado Resheph do Jardim.  Ele é conhecido como o Deus Gazela, referindo-se ao seu animal sagrado, cujos chifres ele usa em seu capacete.
Em um texto possivelmente relacionado a um eclipse do sol, ele é chamado de o Porteiro de Shapash. Em algumas de suas mais "terríveis" manifestações, Reshef atira flechas de doença. Seu poder é invocado na defesa de tratados.

Adon, o Senhor
Adon significa Senhor, é o deus fenício da vegetação e da fertilidade. Seu culto foi centrada em Gebal, chamado Biblos pelos gregos, agora chamados Jebail, que também foi a sede do culto de Ashtart/Astarte, sua companheira.
 Seu culto foi adotado pelos gregos que o chamavam de Adônis e acabou se espalhando por todo o mundo mediterrâneo oriental. Seu festival era celebrado na época da colheita, que no Oriente Médio poderia ser na primavera ou no verão. Sua morte e ressurreição era celebrada no Levante no final da primavera.
No mito grego, a deusa grega Afrodite, apaixonou-se por ele. No entanto, o deus Ares, amante de Afrodite, ao saber da traição da deusa, decide atacar Adônis enviando um javali para matá-lo. O animal desferiu um golpe fatal na anca de Adônis, tendo o sangue que jorrou transformado-se numa anêmona. O Jovem morto desceu então ao submundo, onde governava ao lado de Hades e sua esposa, a deusa Perséfone – a rainha do submundo, que também apaixonou-se por ele. Isso causou um grande desgosto em Afrodite, e as duas deusas tornaram-se rivais.
Inicialmente, Perséfone, compadecida pelo sofrimento de Afrodite, prometeu restituí-lo com uma condição: Adônis passaria seis meses no submundo com ela e outros seis meses na Terra com Afrodite. Cedo o acordo foi desrespeitado, o que provocou nova discussão entre as duas deusas, que só terminou com a intervenção de Zeus, que determinou que Adônis seria livre quatro meses do ano, passaria outros quatro com Afrodite e os restantes quatro com Perséfone.
Na história original, sua amante é Ashtart/Astarte , auxiliada pela deusa do sol Shapash , a trazê-lo do submundo ao mundo dos vivos.  A história de Adon mostra semelhanças com o de Átis e Cibele.
Adon está associado ao rio Adon, hoje conhecido como Nahr Ibrahim, no Líbano.

Eshmun, o deus da saúde
Eshmun é o deus fenício da saúde e da cura. Ele era adorado especialmente em Sídon, no Líbano - onde foi o deus principal, e também em Cartago. Ele pode ter tido templos e/ou sacerdotes para incubação de sonho.  Sua consorte foi Astronoë , uma forma de Ashtart/Astarte . Seu animal sagrado é a codorna.
Gregos o identificaram com Asclépio (latim, Aesculepius).
Próximo ao templo de Sídon foi encontrada uma placa de ouro com Eshmun e a deusa Higia ("Saúde"), que mostra Eshmun empunhando um bastão em sua mão direita, em torno do qual uma serpente está enrolada. Uma moeda do século III d.C. de Beirute mostra Eshmun entre duas serpentes.
Seu nome está associado ao azeite de oliva e faz um trocadilho com a palavra “oitavo”.
Fócio cita um trecho de Damáscio em que ele descreve o “Asclépio de Beirute” como um jovem que gostava de caçar, certa vez ele teria sido visto pela deusa Astronoë (tido por alguns estudiosos como uma versão de Ashtart) que lhe perseguiu de tal maneira com suas investidas amorosas que, por puro desespero, o jovem teria castrado a si mesmo, morrendo. Astronoë então deu ao rapaz o nome de Paeon 'Curador', revivendo-o através do calor de seu corpo, e transformando-o num deus. Até hoje existe uma vila próxima a Beirute chamada Qabr Shmoun, "Sepultura de Eshmoun".



Melqart, o rei da cidade
Era o deus tutelar da cidade fenícia de Tiro, assim como Eshmun protegia Sídon. O nome resulta da compressão da expressão fenícia melk qart Rei da cidade. Melqart era frequentemente designado de Ba‘al, Senhor de Tiro. Em grego era referido frequentemente como sendo o Héracles tírio e em latim, como o Hércules tírio, talvez devido às semelhanças que se podiam estabelecer com o semi-deus Héracles, no que diz respeito à mitologia e ao culto.
Com o protótipo do bom rei, ele está principalmente preocupado com a saúde, prosperidade e bem-estar geral do seu povo, em vez de ser um governante autocrático.
eu culto se propagou por todo o Mediterrâneo. Ele era bastante popular em Cartago, na Espanha, e nas colônias ocidentais (isto é, Norte Africano).

Tanit, a Senhora de Catargo
Tanit é a deusa fenícia, protetora e patrona de Catargo. O nome Tinnit parece ter se originado em Cartago. Ela foi equivalente à deusa Astarte, e mais tarde adorada na Cartago romana em sua forma romanizada como Dea Caelestis, Juno Caelestis ou simplesmente Caelestis. Seu consorte é Baal Hammon.
Ela é uma deusa da fertilidade e dos céus, incluindo as estrelas e a lua.
Seu símbolo é um triângulo, representando seu manto, encimado por um círculo, a cabeça, com uma linha horizontal entre eles, os ombros. Muitas vezes, há uma linha vertical subindo de cada extremidade da linha horizontal, como os braços erguidos em bênção. Ela também foi a palmeira, a árvore da vida nas regiões desérticas do Mediterrâneo. Outro de seus símbolos, muitas vezes chamado de caduceu, é uma linha vertical com linhas onduladas que dela emanam, talvez seja a Árvore da Vida encimada por suas serpentes.
Em egípcio, seu nome significa Terra de Neith, sendo que Neith é uma deusa da guerra.
Muito tempo depois da queda de Cartago, Tanit ainda era venerada no Norte da África sob o nome latino de Juno Caelestis , por sua identificação com a deusa romana Juno.



Atargatis, a deusa Síria
É uma deusa síria, comumente conhecida pelos antigos gregos como Afrodite Derceto  e pelos romanos como Dea Syriae (Deusa da Síria). Ela era principalmente uma deusa da fertilidade, mas, como Baalat (Senhora) ela também era a responsável pela  proteção e bem-estar de sua cidade. Seu principal  santuário era em Hierápolis, moderno Manbij , a nordeste de Alepo, na Síria.
Seu nome pode ser uma combinação dos nomes das deusas Athtart (Atar), Anat (Ata) , e Athirat.  Como conseqüência da primeira metade do nome, Atargatis é frequentemente, embora erroneamente, identificada como Ashtart. As duas divindades tiveram provavelmente origem comum e têm muitas características em comum, mas seus cultos são historicamente distintos.
Pombas e peixes eram considerados sagrados para ela, pombas como símbolo da deusa do amor, e peixes como símbolo da fertilidade e da vida aquática.
Ela é muitas vezes descrita como a Deusa-sereia, a partir de um relato de Diodoro da Sicília que a descreve com o corpo de um peixe, porém essa não é sua aparência mais significativa.

Fontes:

Um comentário:

Osvaldo R Feres disse...

Infelizmente irei desativar os comentários, pois o propósito do blog não é por em discussão qual religião está certa e sim propagar os mitos, lendas, religiosidade e cultura dos antigos cananeus e fenícios.

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